terça-feira, 30 de setembro de 2014

O QUE DIZER DE TUDO ISSO, OU DESABAFO DE UM PAI




   Ontem por volta das x horas, meu amigo de longa data, e que de longa data vem lutando contra a dependência química de seu filho, por cinco vezes internado, foi solenemente abordado por duas viaturas do Batalhão de Choque. A alegação era de suspeita de sequestro, pois o filho em crise estava sendo contido pelo pai, e por dois amigos que tem experiência em lidar com dependentes.
Duas viaturas, e oito policiais. E, pasmem: meu amigo, seus dois amigos, e o filho dependente todos encaminhados ao 6º Distrito Policial, pois alegou o nervoso e transtornado tenente que comandava a “perigosa operação”, não ter condições de se comunicar com quem de direito,para confirmar a identidade e verificar a vida pregressa, via rádio, pois disse “Não ter rádio”. Duas viaturas, oito policiais, três pessoas tentando ajudar, um dependente químico em surto, e vários policiais da Delegacia, todos empenhados, por intransigência do policial militar.
Para o comandante da operação não bastaram as alegações do pai, a mostra de documentos de interdição e de internação do filho em surto. Todas essas alegações serviram apenas para irritar o despreparado policial. Felizmente, o delegado que atendeu a ocorrência --- depois de dispender seu tempo que poderia ser melhor aproveitado—liberou a todos. Liberou, mas permaneceu o constrangimento e o atraso para a internação, que quase não se efetivou.
Além do constrangimento da situação propriamente dita, meu amigo foi obrigado a ouvir palavras ríspidas e fora do contexto do comandante da ação, com quem argumentou que dias atrás esse seu mesmo filho, em surto, depois de ter seu carro furtado, foi abandonado em uma favela próxima a PUC, e quando solicitado o auxílio a Polícia Militar, recebeu como resposta de que não tinham como buscar a vítima em situação de risco. O veículo furtado foi recuperado, algum tempo depois, não tendo sido apresentados os autores em qualquer unidade Policial.
Não se questiona propriamente a abordagem inicial, ainda que meu amigo estivesse dirigindo seu carro, sem qualquer problema de ordem administrativa ou alerta de qualquer delito, mas sim e principalmente o que se seguiu. A inequívoca demonstração da situação, através de vários documentos, foi ignorada pelos policiais, sob a alegação da falta de um equipamento indispensável para o cumprimento do seu mister.  O que se seguiu, após a abordagem foi um show de intransigência e autoritarismo, incompatível com o estado democrático.
A pergunta do meu amigo —cujo nome preservo--- para que não venha ainda a sofrer mais constrangimentos, é a seguinte: Se ladrões com carro furtado não podem ser perseguidos dentro de uma favela,e se não podem resgatar uma vítima em perigo, por que eu, PAI tentando internar um filho sofro abordagem como se fosse marginal. E, ainda, por que toda minha argumentação e documentação não serve para mostrar o que realmente acontece?
Finalmente, a pergunta: O que motiva os policiais a agiram desta forma? Despreparo ou má vontade?  Responda-me quem souber.

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