Ontem por volta das
x horas, meu amigo de longa data, e que de longa data vem lutando contra a dependência
química de seu filho, por cinco vezes internado, foi solenemente abordado por duas
viaturas do Batalhão de Choque. A alegação era de suspeita de sequestro, pois o
filho em crise estava sendo contido pelo pai, e por dois amigos que tem
experiência em lidar com dependentes.
Duas viaturas, e oito policiais. E, pasmem: meu amigo, seus
dois amigos, e o filho dependente todos encaminhados ao 6º Distrito Policial, pois alegou o
nervoso e transtornado tenente que comandava a “perigosa operação”, não ter
condições de se comunicar com quem de direito,para confirmar a identidade e
verificar a vida pregressa, via rádio, pois disse “Não ter rádio”. Duas
viaturas, oito policiais, três pessoas tentando ajudar, um dependente químico
em surto, e vários policiais da Delegacia, todos empenhados, por intransigência
do policial militar.
Para o comandante da operação não bastaram as alegações do
pai, a mostra de documentos de interdição e de internação do filho em surto. Todas
essas alegações serviram apenas para irritar o despreparado policial.
Felizmente, o delegado que atendeu a ocorrência --- depois de dispender seu
tempo que poderia ser melhor aproveitado—liberou a todos. Liberou, mas
permaneceu o constrangimento e o atraso para a internação, que quase não se
efetivou.
Além do constrangimento da situação propriamente dita, meu
amigo foi obrigado a ouvir palavras ríspidas e fora do contexto do comandante
da ação, com quem argumentou que dias atrás esse seu mesmo filho, em surto,
depois de ter seu carro furtado, foi abandonado em uma favela próxima a PUC, e
quando solicitado o auxílio a Polícia Militar, recebeu como resposta de que não
tinham como buscar a vítima em situação de risco. O veículo furtado foi
recuperado, algum tempo depois, não tendo sido apresentados os autores em
qualquer unidade Policial.
Não se questiona propriamente a abordagem inicial, ainda que
meu amigo estivesse dirigindo seu carro, sem qualquer problema de ordem
administrativa ou alerta de qualquer delito, mas sim e principalmente o que se
seguiu. A inequívoca demonstração da situação, através de vários documentos,
foi ignorada pelos policiais, sob a alegação da falta de um equipamento
indispensável para o cumprimento do seu mister.
O que se seguiu, após a abordagem foi um show de intransigência e
autoritarismo, incompatível com o estado democrático.
A pergunta do meu amigo —cujo nome preservo--- para que não
venha ainda a sofrer mais constrangimentos, é a seguinte: Se ladrões com carro
furtado não podem ser perseguidos dentro de uma favela,e se não podem resgatar
uma vítima em perigo, por que eu, PAI tentando internar um filho sofro
abordagem como se fosse marginal. E, ainda, por que toda minha argumentação e
documentação não serve para mostrar o que realmente acontece?
Finalmente, a pergunta: O que motiva os policiais a agiram
desta forma? Despreparo ou má vontade? Responda-me quem souber.
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