Dentre minhas atividades profissionais, trabalhei por algum
tempo na Delegacia de Delitos de Trânsito, em Curitiba. Imaginei, que depois de
ter visto tanta desgraça, tiros, facadas, foiçadas, machadadas, nada mais me
abalaria. No entanto, estava enganado, e muito enganado. Ali sim, vi coisas
inimagináveis, resultados desastrosos de direção sem responsabilidade. Mortos,
feridos, inválidos, famílias destruídas, quase sempre por conta de acidentes,
causadas invariavelmente por motoristas embriagados e dirigindo em alta
velocidade, e sem qualquer cuidado, ou preocupação em causar um resultado
desastroso. Decorrido já algum tempo da minha aposentadoria, esse tipo de
preocupação sempre me assaltou, tendo em vista que diariamente temos visto
exemplos de como não se comportar ao volante.
Esses dias, no entanto, a situação foi vivida mais
intensamente. Por força de falecimento de pessoa da família, fui até Ponta
Grossa. O horário da viagem, entre onze da manhã e três da tarde, pareceu-me
ser tranquilo, pois imaginei que a maioria do pessoal estivesse almoçando, ou recém-saídos
do almoço, e na paz. Enganei-me profundamente. Os caminhões, principalmente os
famigerados bi-trens andando em velocidade absurda, obrigado a veículos menores
saírem da frente. [Parece brincadeira, mas os caminhos, talvez embalados pelo
peso de sua carga, andavam em velocidade impressionante, não diminuindo por
nada, nem por conta dos redutores de velocidades, para onde] éramos empurrados,
e obrigados a passar em velocidade excessiva. Até para sair da frente deles, e
dar passagem era difícil. Os automóveis mais novos e potentes --- fabricados
com essa potência não sei exatamente porque, pois a velocidade máxima nas
estradas é de 110KM --- não conseguem
andar abaixo dessa velocidade, sequer dentro dos perímetros urbanos.
Ultrapassam pela direita, em cima de lombadas, na lombada eletrônica, enfim
onde possam imaginar. Parece ser um menosprezo para esses motoristas, ter de
ficar atrás de um carro menos potente, e que circunstancialmente está a sua
frente. Dão sinal de luz, de pisca e tocam em cima, ainda que te ultrapassem e
fiquem na tua frente atrás daquele caminhão que justamente estava impedindo da
gente ter dado passagem. Não vi nenhum veículo, entre Pontal do Paraná e Ponta
Grossa, andar dentro dos limites de velocidade. Eu disse nenhum. Aqui nas
nossas Prs, ocorre exatamente a mesma coisa. Pergunto então? Culpa da
fiscalização, ou da falta dela; falta de maior rigor na aplicação das
penalidades?. Creio que não, parece simplesmente que todos os ensinamentos do
CTB, são simplesmente ignorados. Ninguém se preocupa em dirigir com
responsabilidade. Ninguém quer ficar para trás. Todo mundo quer levar vantagem
em tudo, inclusive no trânsito. Creio, eu então, humildemente que devemos
orientar e educar as novas gerações, e rezar para não ser atropelado ou esmagado
por um desses irresponsáveis, porque os motoristas atuais, não devem nem ter
ouvido falar do Código de Trânsito Brasileiro. A esses resta-nos desejar boa
viagem, de preferência bem longe da gente. E, pensar numa nova maneira de
educar os novos motoristas, pois esse sistema atual foi atropelado e largado
sem assistência há muito tempo...
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