quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ATÉ QUE ENFIM II

No artigo anterior, o ilustre delegado geral da época, mais preocupado com a manutenção do seu cargo, que com o episódio em si, foi embora feliz com meu trabalho. Chegou até a meu elogiar. Depois percebi ser pura falsidade.( não se preocupe meu caro Delegado.Não vou contar o que ocorreu numa reunião, entre o Secretário de Segurança, o Chefe da Criminalística, Vossa Senhoria e Eu). A menos que faça questão. Esforços para manutenção do cargo a parte,vamos ao que interessa. Na sequência daquela manhã, o ambiente foi particularmente tenso. Os depoimentos começaram a ser tomados por mim e pelo escrivão de plantão, que teve de retornar das proximidades da Serra da Graciosa. Imaginou que mais nada iria acontecer no seu plantão, e então por volta das 06,00 horas foi para o descanso. Ledo engano. Ainda que meio a contragosto, mas firme em seu posto, começamos a inglória tarefa. Desde o primeiro instante assim se mostrou a empreitada. Estava impregnada na mente e nos corações de todos, a certeza de que acontecimentos extraordinários estavam por vir. A simples análise do começo do atendimento nos remetiam a uma difícil missão. Logo depois, uma substituição do escrivão. Aquele que assumiu o plantão naquela manhã, continuou comigo até o final do inquérito e igualmente foi brindado com as "graças" da administração. Depois de ouvidas as primeiras testemunhas, a impressão generalizada era de que algo muito grave tinha ocorrido no palco dos acontecimentos.O relato das testemunhas, era totalmente contrário as vozes dos corredores. Comentários em voz baixa das pessoas que estiveram no local, inclusive integrantes da imprensa, divergiam dos depoimentos. Todo mundo parecia saber de algo, mas ninguém falava abertamente.Naquele dia, em que comer pareceu secundário, os depoimento se seguiram, sem se sentir as horas passarem. Engraçado como as coisas são. Aqueles que não tinham oficialmente nada a ver com isso, como as testemunhas, falavam com uma naturalidade impressionante sobre o acontecido, muito embora estivessem muito tristes pelo que presenciaram. Mesmo assim, falavam com firmeza, e ainda duvidavam da sequência das investigações.Algumas tentaram apostar comigo de que o inquérito não teria andamento.
Procurei entender que aquela desconfiança tinha origem no que haviam assistido nos momentos seguintes ao delito ( delito não é igual a acidente), e não na minha honestidade de propósitos. Afinal até aquele momento ninguém me conhecia, exceção da D. Teresinha Picolo, naquele momento liberando o corpo da sua filha, no I.M.L.
A continuidade dos trabalhos parece que foi inspirando confiança nas testemunhas, as quais mesmo depois de terem deposto, continuavam na Delegacia. Deu-me a impressão que queriam ouvir a versão oficial. Cada policial militar que era ouvido, era imediatamente questionado, ainda que seu depoimento escrito não fosse mostrado à ninguém. Um simples comentário tinha a força de um vendaval. Não se admitia a versão que era apresentada.Incompreensível ao ser humano mediano a ausência dos ocupantes da camionete. Sumiram como por encanto. Ou melhor sumiram por um canto, carregados pelo homem público, criador de leis, a quem no intróito do relatório final fiz um alerta, que me permito reproduzir neste momento, por ser oportuno: MUITO MAIS GRAVE QUE O NÃO CUMPRIMENTO DAS LEIS E REGULAMENTOS, NEM SEMPRE SUSCETÍVEL DE SER APURADO, SÃO OS MAUS EXEMPLOS DADOS PELOS HOMENS PÚBLICOS, QUE SE VALENDO DESSA CONDIÇÃO, OBSTAM A PERFEITA APLICAÇÃO DAS LEIS, NA MAIORIA DAS VEZES POR ELES ELABORADAS, SEM IMAGINAR QUE PUDESSEM UM DIA SEREM POR ELAS ALCANÇADOS.... Amanhã tem mais..bom dia.

12 comentários:

Stella Maris disse...

Até chorei com o sofrimento da dona Teresinha, a filha dela era tão parecida com minha filha qdo mais nova. Deus a ajude a ter justuça.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Lembro-me muito bem desse episódio lamentável, e por isso passei a admirar ainda mais o meu amigo Guara, saudades...

Anônimo disse...

Com a condenação criminal, JOÃO ARRUDA teve os direitos políticos suspensos, nos termos do art. 15, inciso III, da Constituição Federal. Logo, a filiação partidária de JOÃO ARRUDA no PMDB foi cancelada, em conformidade com o art. 16 da Lei nº 9.096/95, cuja disposição assenta que só pode filiar-se a partido quem estiver no pleno gozo de seus direitos políticos.
Como o sobrinho do governador – desde o final de 2006 – ocupa o cargo de SECRETÁRIO–GERAL DO DIRETÓRIO REGIONAL DO PMDB, JOÃO ARRUDA cometeu mais um crime, desta feita previsto no art. 337 do Código Eleitoral, que assim dispõe:
Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gôzo dos seus direitos políticos, de atividades partidárias inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

E DEPOIS DE TUDO ISSO AINDA QUER SER SENADOR ....

maria disse...

guaraci...fiquei sabendo hje q esse caso esta voltando à tona.sou irma de uma das vitimas,mariana.minha mae nem deve saber sobre td isso pois mora em santa catarina.foi o refugio de tanto sofrimento.ja faz 8 anos mas parece q foi ontem.meus pais sempre muitos reservados com esse delicado assunto.mas se quiser entrar em contato meu email ,tere.maria1@hotmail.com eu e minha irmã daniela estamos a disposiçao...

gerson disse...

Não o conheço,más lhe dou os parabéns pela sua coragem e ímpeto para seguir com o seu trabalho até o fim, são pessoas como você que fazem o mundo parecer que há justiça!!!

Unknown disse...

Parabéns pela coragem e iniciativa de contar tudo. Muita coisa você havia me contado, mas não com tantos detalhes. Este maluco debilóide acredita que é inatingível.
Um grande abraço, precisamos nos encontrar.

Anônimo disse...

Parabéns pela iniciativa, e principalmente pela coragem, o que deixa inerte o homem é o medo de retaliações, como as sofridas por ti, gostaria muito de saber o ocorrido após o episódio, como se comportaram os promotores da situação e, principalmente, quantas vezes lhe transferiram, e para quais comarcas, após o inicio do governo chavista, acredito que irá contar com o decorrer do tempo.

TW

Délcio Rasera disse...

Dr. Guaracy.
Quem sentiu na pele sabe como é!!!!
Abração
Délcio Rasera

Anônimo disse...

Parabéns pelo trabalho Dr Guaracy. Estou aproveitando para mandar um abração para o senhor, e lembranças ao seus filhos já que éramos vizinhos e amigos de infância. Tudo de bom para o senhor.

Marcelo Rosa