quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

VIRAR DO AVESSO

Dia desses fui convidado a participar de uma reunião, onde estavam sendo tratados problemas relacionados à região metropolitana de Curitiba. Ausente a questão política partidária, que preferi abster nesse momento, pessoas muito interessantes lá estavam. Conversa vai, conversa vem, e pude observar, que a despeito de vários problemas que afligem a região, o tema segurança pública era o mais preocupante. Como eu era o único da área, naturalmente o assunto veio forte em minha direção. Colocações inteligentes, sem dúvida nenhuma, pelo calibre e pela experiência dos participantes. Eu um mero pós graduado me senti meio apavorado, diante da qualificação do grupo, Doutores, Mestres, e etc,etc,etc.... Muito embora, altamente capacitados, e talvez até por isso, foram extremamente gentis e cordiais, mesmo quando momentaneamente, não havia unanimidade. Um verdadeiro presente poder compartilhar com pessoas assim. Mas, voltando ao assunto segurança pública, senti uma preocupação muito grande de todos os participantes com o tema. E não é para menos. Até para descontrair, na hora da minha fala, brinquei com o coordenador, o qual momentos antes falava da dificuldade de se iniciar uma discussão dessa magnitude, ou seja, de como se dar o pontapé inicial no diagnóstico do problema, e conseqüente apresentação de possíveis soluções. Apresentei uma, que mesmo aparentando ser brincadeira não é. Simplesmente, sugeri que apenas se aplicasse o contrário que hoje se aplica. Pior certamente não ficaria, e teria grandes chances de melhorar. A total falta de comprometimento dos agentes públicos da área de segurança com os problemas que diuturnamente lhe não apresentados é de causar indignação. A desídia o Estado,quando abandona a população, oferecendo à marginalidade a oportunidade de "adotar" principalmente os moradores em aglomerados urbanos e em áreas de risco, é notória. Somente essa pequena equação parece explicar o atual estado de coisas da segurança pública. O combate equivocado ao trafico de drogas, marginalizando, prendendo e matando jovens envolvidos com o problema, ao invés de combater, os já identificados e notórios traficantes, estes sim de outra classe social, financeiramente seguros e pessoalmente blindados por força de seus contatos pessoais e profissionais, só faz aumentar a gravidade da questão. O lema “Servir e Proteger" parece estar longe de ser executado. Brinquei ainda, e me permiti utilizar uma expressão própria das corporações, e que naturalmente não era de conhecimento de meus ilustrados parceiros; FULERAGEM ( escrito e falando assim mesmo), certamente uma derivação de FULEIRO, que no dicionário de expressões populares quer significar, sem importância, bagunçado, sem noção, enfim, coisa que não se deve dar atenção. Ouvi nos meus anos de labuta, centenas de vezes tal fala, principalmente depois de o telefone ser atendido, isso após uns vinte toques, e de o solicitante ser devidamente dispensado através de desculpas de não se ter viaturas, ou “estar sozinho no plantão". A falta de comprometimento, apenas para exemplificar, certamente amplificou uma situação que poderia ter sido resolvida se houvesse o interesse do policial. Vi, "fuleragens "não atendidas, se transformarem em verdadeiras tragédias, sem que o responsável pelo atendimento, demonstrasse um pingo de preocupação. E quem imagina que isso foi naquele tempo, está redondamente enganado. Hoje em dia, hoje mesmo, dia 21 de janeiro ainda ocorre. É bonito de ver as dezenas de viaturas da Operação Verão, desfilando todos os dias, nas ruas principais dos balneários. O único problema é que eles parecem não enxergar os drogados fazendo comércio de pedras, em plena luz do dia, tão logo a viatura passa. Não vêem e não ouvem os carros passando, lotados de pessoas, com copos na mão, inclusive o motorista, tocando aquele irritante som que se ouve a centenas de metros. Não vêem nada. E quando chamados, e eu sou testemunha, para atender uma ocorrência, envolvendo homens, mulheres e crianças em um bar, demoraram exatos 41 minutos. Isso porque a ocorrência se deu a cinco quadras do quartel. É, mais a culpa não é deles, afinal de contas, vieram tirar umas feriazinhas na praia, pois não vêem a hora de acabar o plantão para serem conhecidos, como disse , já em 2003, muito mais por suas estripulias noturnas do que pelo seus "trabalhos "diurnos. Enfim, quem vem de qualquer canto do Paraná, sem ter noção do que está acontecendo por aqui, sem um prévio estudo do setor de inteligência, tem que ficar passeando mesmo. Então a brincadeira da reunião não era tão brincadeira assim: querem funcionar, virem o modelo ao avesso, quem sabe param, entre outras coisas de se jactar dos números de ocorrências atendidas, na maioria das vezes maquiados, e resolvem trabalhar "de sério".

Um comentário:

Mais de Mim disse...

Oi Guara, tudo bem??? Quanto tempo, por onde anda??? To com saudades de vc. Ah só pra vc saber quem é sou a ex- senhora Dalla Martha rsrsrsr. Beijokas!!!