sábado, 4 de setembro de 2010

SORRISO AMARELO.

Pontal do Paraná, 04 de setembro de 2010.

Prezado Senador.



Assisti emocionado sua propaganda, onde o presidente Lula, fez vários elogios ao senhor, levando-o lágrimas. Entre outras coisas, o nosso presidente falou em traição. E colocou a situação, como inerente a política, com o que não posso concordar. Imagino que seu choro, talvez tenha sido motivado pelas companhias de seu palanque. Nitidamente, o senhor não parecia à vontade. E imagine o Requião sequer estava no palanque.
Sempre acompanhei sua trajetória política e também do seu irmão Alvaro. Trabalhei arduamente em suas campanhas, muito embora sem muito alarde, devido a minha condição de funcionário público. Assisti com tristeza a derrota do Alvaro, para o então Senador Requião, com quem travava embate inglório, pois na qualidade de Delegado de Polícia, presidi inquérito Policial, contra familiares dele, envolvidos em acidente de trânsito, em história por demais conhecida, fato que motivou minha aposentadoria precoce, aos 54 anos de idade. Desnecessário me alongar sobre os métodos pouco ortodoxos utilizados pelo seu companheiro de coligação, durante e depois do episódio.
Na campanha do seu irmão,Alvaro, para o governo do Estado, fui alvo inclusive de atentado a tiros. Pela minha formação, preferi permanecer em silêncio, sabendo que o parte hipossuficiente sempre padece em desvantagem.
Acompanhei atônito sua surpreendente derrota na última eleição. Acredito que Vossa Excelência igualmente tenha se surpreendido. Pelo menos pelo que a imprensa noticiou, resquício de algo mal cheiroso permaneceu no ar, e não fui somente eu quem sentiu.
Honrado com o convite a debater segurança pública, participei de reunião na sede do PDT, convidado que fui pelo antigo amigo, Dr. Jorge Bernardi. Informações privilegiadas -- num primeiro momento aparentemente inimagináveis – fizeram com que me afastasse da empreitada que parecia muito interessante.
Não consegui, talvez pela minha falta de traquejo político, me imaginar sentado à mesma mesa do que meu declarado desafeto Roberto Requião. Tampouco ter de por qualquer razão trocar palavras, com essa criatura. Por isso, resolvi me afastar. Não pretendo ser pretensioso ao ponto de supor que minha desistência venha a lhe preocupar. Minha desistência,no entanto, parece ser emblemática.
Vejo antigos companheiros seus, por razões semelhantes a minha se afastando de sua campanha. Lamentavelmente, pois até então, acompanhei com interesse sua trajetória política e pessoal, tendo-o sempre em alta conta. Talvez, muita gente que o tinha em alta conta, esteja fazendo o mesmo. Enquanto o desgaste o atinge, seu companheiro “ de coligação, aparece em primeiro lugar nas pesquisas. Sintomático, meu prezado Senador. Menos mal, que sua candidata a presidente(a) parece ter definitivamente decolado. Espero sinceramente, que ela não seja traidora, e o convide para um cargo digno de sua capacidade. Afinal, o desgaste visível a que Vossa Excelência vem sendo submetido, deve ser bem recompensado.
Tirante suas inegáveis qualidades já demonstradas, não consigo, diante dos ensinamentos que recebi sobre ética e moral, compreender como uma pessoa de sua estirpe possa se sujeitar a tão repugnante situação. Provavelmente este seja o sentimento de muitos paranaenses.
Conviver com alguém que lhe agrediu e menosprezou na última campanha, se utilizando os mais baixos artifícios, inclusive em nível pessoal. Conviver com um presidente, que desrespeita todas as regras do jogo político. De um homem que nunca sabe de nada. Conviver com uma mulher de passado pouco gloriosa, definitivamente não combina com o senhor, meu senador.
Não deixe suas lágrimas correrem, impulsionadas pela emoção do momento. Não se deixe ser usado por jogo de palavras, vindos da boca de quem não tem muita intimidade com elas. Traição de Beto Richa, em “abandonar” a Prefeitura de Curitiba e não lhe apoiar, não é pior nem melhor do que a sua traição a seus amigos e eleitores, vendo-o abraçado com essa camarilha que o rodeia. Abraçado e sorridente (ainda que com um sorriso amarelo), com quem há pouco tempo lhe achincalhou de todas as forças, e quiçá tenha lhe” tomado “ a eleição, por meios ainda não muito claros, mesmo depois de ter se utilizado do nosso dinheiro para concorrer.
Seu passado, prezado senador, não lhe permite assentir com manobras como essa.
Respeitosamente, seu ex-eleitor

GUARACI JOAREZ ABREU




AO EXMO SR. DR
OSMAR DIAS
DD. SENADOR DA REPÚBLICA.

2 comentários:

Ju Jardim disse...

Muito muito bom mesmo....Adooorei!!!
Disse o que muitas pessoas estavam engasgadas e querendo desabafar...
PS: ah e com muita habilidade com as palavras....

Caesius Maximus disse...

O senhor colocou tudo que eu gostaria de ter dito ao senador. Quem se envolve com esse povo que está apoiando o sr. Osmar Dias não merece respeito.